Monalisa anda por ruas retas, de coluna ereta pra combinar com as linhas das avenidas: as avenidas que são deitadas e as que são compridas pra o céu – os arranha-céus. Ela deseja alcançar as nuvens com as sobrancelhas e por isso mesmo, então, ergue mais e mais seu pescoço, mas fina, discreta, algo típico de pedestre madame-tímida. Monalisa anda lisa e devagar: com passadas que buscam a simetria das linhas dos arranha-céus em pés – os prédios – e os arranha-céus deitados – as avenidas iluminadas, cheias de luzes que parecem estrelas correndo, num vulto. Sincera, Monalisa olha seu relógio fino colocado no pulso esquerdo, ajeita os cabelos que começam a grudar uns nos outros, esfrega, lenta, a nuca, passando a mão no suor reto que quer descer pela coluna ereta: percebe que é hora de voltar.
Em alinhamento perfeito com a posição da vista da sacada, está a Lua lá no alto, que a Monalisa vê cheia, arredondada. A mulher se sente feliz por descansar de viver tanto na linha o dia todo e pisca demorado junto de um sorriso grato.
Boa noite, Monalisa.
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